Gostava de ter uma conversa séria convosco, mas tenho duas questões a
colocar, antes de mais. Primeiro: quando estamos a falar com alguém, o
protocolo diz que devemos olhar para os olhos ou para a boca da pessoa? É
uma dúvida que sempre tive. E, segundo: que história é essa de conversa
séria? É comestível?
Sim, sei que não me viram na semana passada,
mas andei atarefada a limpar o pó da casa, queiram-me desculpar. Como
assim, ninguém reparou? Não, não – não levo a mal, ora essa. Mas, já
agora, alguém é capaz de me explicar que atração estranha é esta, entre o
pó e os cantos? Claramente há ali um clima estranho. É notório o afeto
que o pó sente pelos cantos, mas… eu agradecia que os relacionamentos do
pó não interferissem na sua vida profissional. Para além do mais,
aleija-me a coluna.
Esta semana só oiço falar em “blá blá blá o bebé dos não-sei-quê-reais nasceu” e “blá blá blá
ele é tão lindo”. Agradecia que parassem. Ele não é lindo. Faz chichi
na cama. Usa fraldas. Chora e faz barulho durante a noite – grita!
Baba-se. E chamam a isto de lindo? Queria ver se fosse eu a fazer estas
coisas. Iam chamar-me de linda? Igualdade de direitos, senhoras e
senhores! A mim, aposto que me iam chamar de babada, ranhosa, anormal e
“mijada”. Mas – ui! – estamos aqui a falar de um bebé real e ele é
lindo, claro. Ora: tenham dó!
E falando em dó (alusão a: dó ré mi fá sol), que vos parece se eu lançar um CD
de inéditos, no mês que vem? Se canto bem? Não. Canto terrivelmente
mal. Mal ao ponto de quebrar vidros e deixar pobres animaizinhos sem
vida. Mas, pela minha análise de mercado, cantar bem – hoje em dia – não
é um dos pré-requisitos para se fazer músicas de sucesso! Pensei em
criar uma canção acerca dos benefícios do papel higiénico de folha
dupla. Aposto que seria um sucesso digno de discos de platina e essas
mariquices todas. Se toda aquela malta que saiu do Secret Story canta, então eu também canto! Esta semana ouvi o mais recente êxito do Rúben e da Tatiana, e só vos tenho a dizer que acabei a sangrar dos ouvidos.
Às
vezes pergunto-me: que mal fiz eu ao mundo para ser exposta a este
género de musicalidade suicida? E que raio de letra foram eles arranjar
para aquela canção? Tu és um lobo mau-au-au-au-au-au… – das duas, uma: ou a pessoa que escreveu isto é gaga (e não me refiro à Lady Gaga),
ou então sofre de um grave distúrbio mental. Isto não é música de gente
normal. (Olha, rimou! Vou parar o texto por aqui, para ficarem com a
ideia de que sou uma pessoa inteligente.)
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