Podem parar com esses trocadilhos
que envolvem portas? Sim, já todos percebemos que se divertiram imenso a
estabelecer uma analogia entre o sobrenome do político Paulo e o objeto: porta.
(Um artefacto que nos possibilita o acesso às mais diversas divisões.) Agora
podem parar com isso? Sim? Vá, lindos meninos. A próxima pessoa que disser que
“o Portas bateu com a porta”, passará a ser olhada como o judeu na minha cadeia
alimentar. Isto assumindo que sou nazi
e possuo um bigode ridiculamente estúpido. Estúpido mas – calma! – que mete
respeitinho, sim?
E, já que estamos em ambiente
político, podem parar com essa coisa do presépio? Ai, que lindo, o Gaspar saiu.
(Ui, o Rei Mago Gaspar.) A Maria entrou. (Ai, a Virgem Santíssima de nome
Maria.) Muito bonito. Sim, sim, sim. Mas parem com isso. A sério. É parvo. A
vossa catequista estará, com certeza, muito orgulhosa por saber que ainda se
lembram das aulinhas da catequese. Os vossos pecados foram perdoados. Estão
livres de ir à missa durante as próximas quatro semanas. Blá blá blá. Estou
muito feliz por vocês. Mas agora parem. A sério – acabou. Dou uma paulada nas
rótulas da próxima pessoa que fizer analogias entre os Ministros das Finanças e
as figuras do presépio. E, acreditem em mim quando vos digo: uma paulada nas
rótulas aleija. Tá?
Agora que já resolvemos as
coisas, preciso de opiniões. Hoje de manhã apareceu-me um panfleto no carro que
dizia: “Perca peso: saiba como!” E a questão que vos coloco é: não é um bocado
indelicado estarem agora a chamar-me de gorda? É pá, isto mexe com a autoestima
das pessoas. E depois surge a questão. Como é que eles sabem? Quem é que me
anda a vigiar, para se achar no direito de tecer considerações sobre o meu
estado físico? Aposto que são aqueles chatos do Centro de Saúde, que há anos
que andam a tentar convencer-me a assinar um cartão qualquer, cuja assinatura
traz um médico de cinquenta e poucos anos como brinde. Não me levem a mal, mas
um Ovo Kinder sai bem mais barato e
os brindes não vêm sem dentes e enrugados como aquele cão do anúncio do papel
higiénico. (Sim, porque todos os médicos de família são razoavelmente
desdentados e… as semelhanças ao cão do anúncio do papel higiénico são
evidentes, convenhamos.)
Há dias apareceu-me no carro a
publicidade da Revista Maria. E esta
revista é, realmente, algo que me intriga. Porquê Maria? Porque não Joana? Revista Joana. Soa-me chique. Pensem lá
nisso. E, jovens que colocam papéis aos molhes nos carros das pessoas: da
próxima vez que me quiserem chamar de gorda, chamem com jeitinho. Também tenho
sentimentos, pá. (Se o meu Centro de Saúde me estiver a ler, queria só deixar
presente que continuo a não querer aderir ao vosso cartão. Vá, adeus.)
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