Após duas semanas da minha
ausência, cá me apresento, confiante de que ainda são dotados do conhecimento
de que o meu sobrenome se escreve com ch
e não com x. Não: não faleci, não
emigrei e também não entrei numa depressão após ter descoberto que a minha irmã
comeu a última bolacha Oreo.
Estabeleci – sim – uma relação conjugal de curta duração que, como diria a
minha avó: louvado seja nosso senhor
Jesus Cristo, chegou ao fim.
A minha mãe sempre me disse:
“Filha, tu tem cuidado com quem te metes. Há muito bandido por aí!” Mas nunca
(nem uma única vez) fui avisada relativamente a livros de Matemática e manuais
de Geologia com índices potencialmente violadores. Malandros! Não é o género de
coisa que se deseje aos nossos descendentes.
Ponhamo-lo desta forma: digamos
que fui brutalmente violada por um gang
de funções trigonométricas e rochas metamórficas. Mas, calma, já denunciei a
ocorrência às autoridades e está tudo bem. Um ano de visitas semanais ao
psicólogo, e fica resolvido o assunto. Ou assim espero.
Suponho que tenham ouvido falar
na greve dos professores, certo? Ora, que pergunta parva. Quem é que não ouviu?
A questão é: podem chamar-lhe de muita coisa mas, para mim, isto não foi mais
que uma birrinha para não irem à escola. Tal como há a criançada que diz que
está doente só para não ir à escola, há os professores que criam greves. Quase
aposto que, grande parte dos professores que fizeram greve, foram – em tempos –
daquelas crianças que inventavam febres, varicelas, gripes e pés de atleta,
para faltarem às aulas. Não me venham com histórias.
E depois ainda temos os
estudantes indignados:
– Ai! Ui! Não fiz o exame de Português porque os professores fizeram greve.
Sinto-me injustiçado. O deles foi mais fácil, não é justo. Vou dizer à mamã! E
ao papá! E ao padre da Freguesia!
Jovens: ontem fui almoçar ao
mesmo restaurante que o meu vizinho, e tenho quase a certeza que o frango que
ele comeu estava mais bem cozinhado que o meu. Até as batatas tinham outro
aspeto! E, pronto, se calhar até estava. Possivelmente, a malta que pediu
frango na hora seguinte ainda teve direito a um frango melhor. Mas vamos armar
uma escandaleira por causa do frango? Está claro que não, jovens. Está claro
que não. Portanto: contentem-se com o vosso frango mais bem passado, e deixem
em paz os que já comeram o frango deles, que os coitados estão na digestão.
Em tom de despedida, queria
mandar um beijinho para a minha tia, que me lê na Venezuela e… Mas eu estou a
tentar enganar quem? Não tenho nenhuma tia na Venezuela. (Nem nenhuma tia que
me leia, esperemos.) Bom… e, já que não tenho nenhuma tia emigrante a quem
mandar beijinhos, cumprimento elegantemente a pessoa que me lê. Ora então:
tenha um bom dia, caro leitor!
Sem comentários:
Enviar um comentário