Cheguei àquele momento deprimente da
minha vida em que me apercebo que a terceira idade se aproxima. Podem
dizer o que quiserem, mas não me venham com a conversa de que o facto de
eu sair sempre do banho com os dedos enrugados é mera coincidência. Se
isto não é um argumento a favor da minha teoria do envelhecimento, então
o que é? Mas isto até nem é o mais grave. Dedos enrugados? Nada que um lifting
não resolva. Se bem que a ideia de realizar uma operação cirúrgica
depois de cada banho não me soa economicamente rentável, mas suponho
que, se arranjar um trabalho em part-time no McDonald’s, consigo cobrir as despesas extra.
O verdadeiro momento em que nos
apercebemos do nosso envelhecimento… é quando já não temos de mentir,
quando a internet nos pede para certificarmos que temos mais de 18 anos,
para podermos entrar num dado site. Todos nos sentimos rebeldes,
quando transgredimos as regras cibernéticas – portanto esta coisa de
afinal já ser verdade, é uma chatice, porque impede a nossa necessidade
de manifestar rebeldia.
Mas: calma! Podem sempre mentir
relativamente a terem lido as condições de utilização. Sim, porque todo o
ser humano (possuidor de um elemento raro da atmosfera terreste
designado de: vida) tem mais que faça do que ler páginas e páginas
repletas de letras minúsculas que não nos dizem rigorosamente nada de
novo nem cultivam o nosso saber intelectual.
Aliás: quem é o indivíduo que escreve
aquela conversa toda? Claramente alguém que sofre de miopia (tendo em
consideração o tamanho microscópico das letras) e que não tem nada de
melhor para fazer. No entanto, isso não é desculpa! Eu também sofro de
miopia, e não me veem aqui a escrever cinco mil quatrocentas e noventa e
sete páginas de condições de utilização, só para chatear as pessoas e
obrigar as mesmas a infringirem um mandamento qualquer da Lei de Deus,
não é?
Quanto aos restantes sintomas de
velhice, a culpa é dos meus pais, porque não tiveram uma descendente
normal. E damos o caso por encerrado.
Agora, retiro-me. As leis da
termodinâmica e o cálculo de limites notáveis aguardam-me. E, já agora:
querido exame, se eu tenho uma nota não-aceitável, mato-te a ti e à tua
família (sim, o cão também). E ainda te furo os pneus do carro. Só por
causa das coisas. Portanto: pensa nisso. Não te queiras meter comigo… eu
conheço pessoas. Cof cof.
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