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domingo, 13 de janeiro de 2013

As mulheres e os saltos altos

Queridos jovens (e pessoas não tão jovens), hoje não vos venho falar da nossa querida Pépa Xavier, que deseja uma mala clássica da Chanel para 2013; e muito menos do casaco às bolinhas do Messi e no quanto este se assemelha ao casaco de Manuel Luís Goucha. Sim, sei que agora parece que é moda falar destes assuntos, mas então ainda bem que eu não ligo às modas. E para isso tenho as minhas calças de ganga e os meus ténis foleiros que o comprovam. Podia vir falar da vitória do Sporting. Isso sim, é qualquer coisa que merece um destaque no meu Blog. Mas não, também não vou falar sobre a vitória do Sporting. Até porque foi contra o Olhanense e... não, não vou falar sobre isso. Também podia falar-vos da espiral recessiva e da conjectura do país, mas não faço a mais pequena ideia do que se trata e não quero meter o Vítor Gaspar ao barulho, senão ainda adormecemos todos. Vou antes falar-vos de algo que aflige toda a população feminina do planeta Terra e arredores extra-planetários: saltos altos.

Estava eu, hoje à tarde, a tentar estudar Álvaro de Campos, quando me deparo com uma notificação relativa a um novo texto no Blog da Ana de Oliveira (ou, como lhe gosto de chamar, "a rapariga dos parêntesis" - se bem que já se anda a controlar na dose. Façam o favor de ir ver o Blog dela, que é qualquer coisa de espetacular, sim?). E eu, como boa seguidora que sou, larguei o Álvaro de Campos da mão (bendita sejas, Ana) e fui aos seus 157 centímetros de opinião a ver o que é que se passava desta vez. E o que era? Uma súbita indignação com os saltos altos e apelo ao sofrimento das mulheres que se aguentam em cima dos mesmos.

Ora muito bem, vamos lá ver uma coisa: nós, mulheres, somos umas sofredoras. Digam vocês - homens - o que disserem. Toda aquela publicidade sobre o conforto dos tampões Tampax e dos pensos higiénicos Evax são mera publicidade enganosa (e o nosso sangue não é azul. Só para esclarecer essa questão). E depois ainda temos de ser nós a ter aqueles seres humanos vulgarmente denominadas de bebés! Sabem o tamanho que essas criaturas têm quando nascem? Sabem?! Ainda vos podia falar da depilação, mas dado que há homens que também já aderiram a essa moda, vamos deixar esta questão de parte. E depois há aquele calçado que se denomina de "saltos altos". Há para todos os gostos: com bolinhas, às riscas, cor-de-rosa, amarelos, pretos, castanhos, felpudos, rugosos, lisos... De tudo e mais um pouco.

Das poucas vezes que saí à noite, ao longo dos meus dezassete anos, orgulho-me de nunca ter submetido os meus pés a tal sofrimento. Faço parte daquela minoria de mulheres que não tem uma súbita panca por sapatos de salto alto e botas todas "pimpim". Não sei, às tantas sou eu que tenho algum problema. Mas seja qual for o meu problema, ainda bem que o tenho. E ai do médico que me prescrever qualquer tipo de medicamentos para lidar com esta espécie de patologia que me aflige. Ai dele! As minhas sabrinas fofinhas e com lacinhos são adequadas o suficiente para toda e mais alguma ocasião social à qual seja impingida a minha ida (sim, porque eu estou muito bem em casa, no conforto dos meus cobertores e do meu computador). E, ainda assim, já me magoam os pés o suficiente. Isto de andar a dançar e a caminhar de um lado para o outro a noite toda não é para qualquer um, não pensem. Já não tenho idade para essas aventuras. A coluna já não o permite. (Joana, és tão má. Pára lá de gozar com os velhinhos, que são tão boas pessoas.)

O que me safa é que sou uma pessoa relativamente alta (não tão alta quanto o meu professor de Matemática, mas alta o suficiente) e, sem saltos altos ou algo que se assemelhe, "dou baile" a muita malta com saltos de sete centímetros e meio. Os meus cento e setenta e três centímetros nunca me traíram. Além do mais, sou uma pessoa desequilibrada por natureza; toda a gente sabe disso. Não é por acaso que tenho os joelhos todos esfolados e montes de cicatrizes nas pernas (não, isso não é sinónimo de uma infância feliz, como se diz por aí). Tropeço nos meus próprios pés quando estou a usar sapatilhas. Alguma vez este ser desequilibrado poderia calçar saltos altos?! É que nem mesmo dos mais pequenos! Aí sim, teríamos uma verdadeira tragédia. E das boas! Com mortos e feridos e tudo. Era algo que sem dúvida valia a pena ver.

Algo que me impede de ser uma potencial usuária deste tipo de calçado é a minha pata estupidamente grande. Calço o número 42 (a tender para o 43). Não se arranjam sapatos de salto alto deste tamanho ao virar da esquina! (E ainda bem que assim é.) Outra coisa que não entendo é todo esse fascínio por andar em pontas dos pés. Se têm um pé completo, para quê usufruir das suas capacidades apenas pela metade? Que desperdício. Um grande bem-haja a todas as corajosas que se põem diariamente em cima dessas coisas e que arriscam a vida de uma forma heróica e parcialmente parva ao mesmo tempo.

16 comentários:

  1. Calças o mesmo que eu. Podemos partilhar o calçado :)

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    1. Olha que bom! Não sei é se as minhas sapatilhas multi-coloridas te vão ficar muito bem, mas com certeza que sim. São umas sapatilhas jeitosas. Temos é que fazer transferências de calçado via bluetooth. Ahaha. :)

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  2. Bem visto =) Faz'me lembrar uma certa pessoa na altura em que tinha a tua idade. Depois olha, passado o tempo começu a gostar da brincadeira e de vez em quando lá vai ela de saltos altos...

    Se tivesse mais uns 5 cm, as coisas seriam diferentes. Os meus 164 - meh.

    =)

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    1. He he he. 1,64m até não está nada mal. Mas a mim nunca me vão apanhar com saltos altos (espero eu)! Acho que nem quando me casar (se casar). Vou ser aquela noiva super rebelde com sabrinas.

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  3. Querida Joana, confesso que já fui vítima do "eu quero saltos de 10cm e agulha" pois achava muito sexy (lá está) para sair à noite. Uma noite de experiência e fiquei curada!! Quem aguenta os saltos presos na bela calçada portuguesa? :s
    Assim sendo, reconverti-me às minhas amadas Doc Martens (ou imitações que servem muito bem) e, tento esquecer a experiência pouco sexy de parecer uma boneca de trapos toda desengonçada rua fora. AH! Já agora, adorei o teu esclarecimento em relação aos tampões e pensos, cada vez que vejo as caras alegres daquelas meninas para para fazer publicidade a esses produtos fico com um desejo de que alguma vez alguém tenha coragem para mostrar uma mulher a usar Evax e a MORRRERRRR de dores menstruais!!!!
    Beijocas e grande texto!!!

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    1. Ahaha sim, esqueci-me de referir o pormenor dos tacões (acho que é assim que se chamam) presos na calçada. Acontece milhares de vezes à minha mãe, que não sai de casa sem os ditos cujos. E a minha irmã é a mesma coisa. Só eu é que degenerei. XD Quanto às Doc Martens, não conheço. Sou uma pessoa muito mal informada no que toca a essas coisas. Só conheço os meus ténis e pouco mais que isso. Pior que eu não estás com certeza. XD E qualquer coisa te fica bem, não digas asneiras! Qual boneca de trapos qual quê. És uma autêntica Barbie, ó.

      E quanto aos tampões e pensos higiénicos, esses anúncios sempre me revoltaram. É isso o "Gino Canesten" ou lá como se escreve. XD Mas é revoltante. Fazem todo esse processo fofinho e cor-de-rosa quando de bom não tem nada ahaha. XD

      Muito muito obrigada, Anabela! Um beijinho! :)

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    2. Antes de mais ninguém me obrigou.
      Doc Martens são botas tipo tropa É de inverno, de verão, são as minhas amigas inseparáveis.
      E sim Joana, eu com os ditos saltos torcia-me toda lol!!!!
      Quanto à história dos tampões e fains concordo plenamente contigo hump...
      Sabes uma coisa, dos 2 posts no teu blog que eu li, adorei!!! acho que me vou tornar uma fã tens um sentido de humor fantástico!!! e sabes escrever de modo a não estragar o que dizes de sério tb
      Parabéns "saltitona". Beijocas!

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    3. Já tratei de investigar essas tais botas. São bem jeitosas! He he he e quanto aos saltos, eu nem tento pôr-me em cima de uns, que é para não fazer (ainda mais) figuras. O meu desequilíbrio não combina com saltos altos, simplesmente. E muito muito muuuito obrigada! Assim até me babo, caneco. Oh, ora essa. Isso traduz-se numa coisa muito simples: sou parva. Mas ainda bem que gostas! É bom ver a minha parvoíce a ser reconhecida. He he he. (Nota: ainda levei um tempo a perceber essa do "saltitona", mas cheguei lá ahaha!) Obrigada, mais uma vez. Um beijinho! :)

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  4. Estou-te mesmo a ver na igreja a casar de ténis da Nike, Joana ahaha. Gostei do texto. Se bem que dispensava os pormenores sobre os tampões e o caraças. xDD Grande Joana!

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    1. Casar em sapatilhas da Nike não exageremos (passando a publicidade). Mas sou menina para me apresentar no altar de sabrinas! He he he. Obrigada, Diogo. Quanto aos pormenores, estou aqui para contribuir para o teu enriquecimento cultural. Ora essa, não me agradeças. XD Obrigada, again!

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  5. Eu ate lia, mas o texto e tão grande, que perdi logo a vontade de ler...

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    1. Seu preguiçoso! Credo, grande... Onde é que já se viu, Paulo? XD Numa situação normal, eu desencorajava-te de leres o texto, porque de facto não vale a pena. Mas, já que afirmaste que é excessivamente grande, VAI LER! JÁ! XD Amanhã vai haver um questionário sobre o texto (ui, eu armada em professora de português com a mania que é autoritária).

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    2. Pronto já li :P eu tenho sangue azul.

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  6. Sapatos altos são muito fixes, não sabes o que perdes, Joana lol. Dizes isso agora... daqui a uns aninhos verás. xD

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    1. Beatriz, sinceramente... não me parece. Tenho demasiado amor às minhas sapatilhas para as trair dessa forma maldosa e horrenda. XD

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