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terça-feira, 2 de outubro de 2012

"Amiga" o caraças!

Ora viva, caríssimo leitor! Outra vez por estas bandas? Mas que rica vida que você tem. Enfim, avancemos, assim sendo.

Tenho levado toda a minha vida a tentar entender o significado de uma amizade. Sim, aquela coisa que é tão complicada de compreender e que, por vezes, nos deixa, até, bastante frustrados. Para mim, um verdadeiro amigo não é aquele que nos diz sempre que tudo o que fazemos está cinco estrelas. Não é, muito menos, aquele que nos dá palmadinhas nas costas e deixa andar. Não: o verdadeiro amigo é aquele que nos chama de “estúpidos” quando fazemos porcaria; é aquele que, quando o chamamos de parvo, nos chama de cabrões. É aquele estupor que, quando vem a nossa casa, não tem problemas em pôr os pés em cima do sofá ou em ir tirar comida ao frigorífico sem pedir autorização; não é aquele que age como se estivesse a conviver com as tias que moram em Cascais e que pede desculpa quanto dá um arroto.

Ainda no outro dia, quando estava a estacionar o carro junto ao Banco (sim, como se eu tivesse um carro), surgiu um indivíduo, o qual eu desconhecia por completo, que me disse: “Ó amiga! Importa-se de chegar o seu carro um bocado mais para trás? É que assim não há maneira de eu tirar o carro daqui, jovem!”; e agora eu pergunto-me: mas eu conheço este caramelo de algum lado, para ele me chamar de amiga?

Faço exatamente esta mesma questão ao caríssimo Passos Coelho. Vejo-o a referir-me (constantemente) à minha pessoa como "cara amiga" lá no Facebook dele. Mas nós somos amigos desde quando, ó estúpido? Só por cima do meu cadáver. Vai mas é beber leitinho.

De facto esta é uma questão que me deixa acordada à noite. Eu até pensava que estava baralhada quanto a esta coisa das amizades... mas depois de ver gente que não conheço de parte alguma a chamar-me de “amiga”, “amiguinha”, “parceira” e “companheira”, começo a sentir-me mal pela população em geral: afinal ainda andam mais à toa que eu – menos mal, o meu ego acaba de crescer em cerca de trinta centímetros.

A diferença entre um amigo e um conhecido é muito simples; um conhecido diz-nos aquilo que queremos ouvir, enquanto que um amigo nos diz aquilo que precisamos de ouvir – aí reside a diferença entre estas “espécies”. Ou seja, se formos a analisar isto metodicamente: são muitos os conhecidos, mas não são assim tantos os amigos; o que me leva a mais uma questão: o que raio são aqueles pedidos de amizade no Facebook?  Pode até ser uma pessoa que passa por nós habitualmente e que nunca se dignou a dirigir-nos a palavra; no entanto, tem a ousadia de nos adicionar como “amigos” no Facebook.

Eu, pessoalmente, acho isto um autêntico ultraje. Então consideras-te meu amigo (a ponto de me identificares como tal no Facebook) e nem me diriges a palavra? Mas que rico amigo que tu me saíste, ó meu grande estúpido; é tal e qual aquelas pessoas que encontramos na rua, e que já não víamos há muito tempo, que nos dizem: “Ah, e tal, depois eu ligo para marcarmos uma jantarada lá em casa!” – mas nunca ligam. 

Pense nisto, caro leitor. E depois diga-me alguma coisa.

2 comentários:

  1. Joana cada vez estou mais fascinada com a tua escrita!
    Tens a certeza de que "só" tens 17 anos?
    Isto no meio da "ironia" é de uma Lucidez...
    "Mãe"

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    1. Ora essa, Anabela! Muito obrigada (com tanto elogio até me babo, ó exagerada!). :) Bom, quanto ao "ter 17 anos", a certeza certeza não tenho... Mas o meu Cartão de Cidadão diz que sim, não sei é se deva acreditar. Mas tudo indica que é uma proposição verdadeira, sim. "A brincar dizem-se muitas verdades" - essa é que é essa... :)

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