Tenho levado
toda a minha vida a tentar entender o significado de uma amizade. Sim, aquela coisa
que é tão complicada de compreender e que, por vezes, nos deixa, até, bastante
frustrados. Para mim, um verdadeiro amigo não é aquele que nos diz sempre que
tudo o que fazemos está cinco estrelas. Não é, muito menos, aquele que nos dá
palmadinhas nas costas e deixa andar. Não: o verdadeiro amigo é aquele que nos
chama de “estúpidos” quando fazemos porcaria; é aquele que, quando o chamamos de
parvo, nos chama de cabrões. É aquele estupor que, quando vem a nossa casa, não
tem problemas em pôr os pés em cima do sofá ou em ir tirar comida ao frigorífico
sem pedir autorização; não é aquele que age como se estivesse a conviver com as
tias que moram em Cascais e que pede desculpa quanto dá um arroto.
Ainda no
outro dia, quando estava a estacionar o carro junto ao Banco (sim, como se eu tivesse um carro), surgiu um indivíduo,
o qual eu desconhecia por completo, que me disse: “Ó amiga! Importa-se de
chegar o seu carro um bocado mais para trás? É que assim não há maneira de eu
tirar o carro daqui, jovem!”; e agora eu pergunto-me: mas eu conheço este
caramelo de algum lado, para ele me chamar de amiga?
Faço exatamente esta mesma questão ao caríssimo Passos Coelho. Vejo-o a referir-me (constantemente) à minha pessoa como "cara amiga" lá no Facebook dele. Mas nós somos amigos desde quando, ó estúpido? Só por cima do meu cadáver. Vai mas é beber leitinho.
De facto esta
é uma questão que me deixa acordada à noite. Eu até pensava que estava
baralhada quanto a esta coisa das amizades... mas depois de ver gente que não
conheço de parte alguma a chamar-me de “amiga”, “amiguinha”, “parceira” e
“companheira”, começo a sentir-me mal pela população em geral: afinal ainda
andam mais à toa que eu – menos mal, o meu ego acaba de crescer em cerca de trinta
centímetros.
A diferença
entre um amigo e um conhecido é muito simples; um conhecido diz-nos aquilo que
queremos ouvir, enquanto que um amigo nos diz aquilo que precisamos de ouvir –
aí reside a diferença entre estas “espécies”. Ou seja, se formos a analisar
isto metodicamente: são muitos os conhecidos, mas não são assim tantos os
amigos; o que me leva a mais uma questão: o que raio são aqueles pedidos de
amizade no Facebook? Pode até ser uma
pessoa que passa por nós habitualmente e que nunca se dignou a dirigir-nos a
palavra; no entanto, tem a ousadia de nos adicionar como “amigos” no Facebook.
Eu,
pessoalmente, acho isto um autêntico ultraje. Então consideras-te meu amigo (a
ponto de me identificares como tal no Facebook) e nem me diriges a palavra? Mas
que rico amigo que tu me saíste, ó meu grande estúpido; é tal e qual aquelas
pessoas que encontramos na rua, e que já não víamos há muito tempo, que nos
dizem: “Ah, e tal, depois eu ligo para marcarmos uma jantarada lá em casa!” –
mas nunca ligam.
Pense nisto, caro leitor. E depois diga-me alguma coisa.
Joana cada vez estou mais fascinada com a tua escrita!
ResponderEliminarTens a certeza de que "só" tens 17 anos?
Isto no meio da "ironia" é de uma Lucidez...
"Mãe"
Ora essa, Anabela! Muito obrigada (com tanto elogio até me babo, ó exagerada!). :) Bom, quanto ao "ter 17 anos", a certeza certeza não tenho... Mas o meu Cartão de Cidadão diz que sim, não sei é se deva acreditar. Mas tudo indica que é uma proposição verdadeira, sim. "A brincar dizem-se muitas verdades" - essa é que é essa... :)
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