Porque é que as pessoas dizem que se vão
embora e depois nunca vão? Acontece em todo o lado. É quando
encontramos conhecidos na rua, é nas redes sociais, é em conversas
instantâneas, ao telemóvel…
- Bem, se calhar o melhor é eu ir andando…
Podem parar com isso. Todos sabemos que a
verdade é que nunca “vão andando”. Ainda ontem me cruzei com uma destas
criaturas que insiste em dizer que se vai embora, mas que – no entanto –
não fecha a matraca até nos contar a vida toda de trás para a frente e
da frente para trás. Repetia vezes e vezes sem conta a típica frase do
“bem, acho que vou andando”, quase como se estivesse a tentar
convencer-se a ela própria de que tinha de se ir embora. Às vezes penso…
será que esta confusão é oriunda de uma briga entre dois neurónios com
opiniões contrárias? Se calhar existe um neurónio responsável – o totó
que anda sempre com uma agenda atrás e está sempre lembrado dos
compromissos – e outro irresponsável – que é a favor da procrastinação e
que considera aquela conversa o expoente máximo de interesse.
Tenho de voltar a referir as noivas em
dia de matrimónio. Pensem comigo: será que elas se atrasam porque
encontram sempre alguém pelo caminho que insiste em dizer que se vai
embora e depois nunca vai?
E depois temos as tão célebres despedidas telefónicas entre casais:
- Ai, desliga tu.
- Não, não… desliga tu.
- Mas ontem fui eu, hoje tens que ser tu.
- Ontem desliguei eu… por isso desliga tu!
- Não desligo… desliga tu.
- Desliga lá!
- Desligamos ao mesmo tempo?
- Está bem. Um… dois… três!
- Oh! Não desligaste.
- Tu também não! Hihihi.
Alguém que dê um tabefe nestes dois
indivíduos. Com particular violência e agressividade, por favor. E, já
agora, digam-lhes que foi da minha parte, e que mando os meus
cumprimentos à família.
Há, contudo, algumas pessoas que dizem
que se vão embora, e realmente vão. São raros os casos, mas há alguns
registos históricos de tais acontecimentos. Vejamos, por exemplo, o caso de Dias Ferreira. Poucas são as pessoas que não ficaram a tomar conhecimento de que Dias Ferreira não gosta de Paulo Garcia, o moderador do Dia Seguinte, programa da SIC Notícias.
E porquê? Porque Dias Ferreira fez beicinho e decidiu que não queria
olhar para o moderador, porque não gostava dele. Ora, tal e qual
crianças do infantário, Paulinho foi amuar para o canto da sala, e disse
que também não gostava do Diazinho porque ele era feio. O menino Dias
não gostou, e disse que ele e Paulinho a partir daquele momento nunca
mais poderiam brincar aos cowboys juntos. E assim foi. Ora aqui
está um exemplo que todos deveríamos seguir. Quando Dias Ferreira diz
que não gosta de Paulo Garcia, não olha para ele, e que se vai embora:
vai mesmo! Portanto aprendam com Dias Ferreira.
Agora deixo-vos, na esperança de que me
desamparem a loja de cada vez que afirmam que se vão embora. E, sim:
vou-me mesmo embora. Não porque não gosto de vocês, mas porque
já se faz tarde e amanhã é dia de ir à missa. (Não é?)
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