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sábado, 1 de setembro de 2012

Juro que não sou uma balança


Por aqui novamente? Que coincidência, estava mesmo agora a pensar em si... (diga-me só o seu nome, novamente, por favor). Bom: durante a tarde de hoje debati-me com mais umas quantas dúvidas existenciais; será que eu sou mesmo eu, ou sou só bocados de sei lá o quê? Não fez sentido? Ok: então acompanhem lá a minha reflexão.

Sempre – desde que me conheço – insistiram em comparar-me a alguma coisa ou em encontrar parecenças a seja lá o que for; desde cedo fui vítima do uso excessivo desta figura de estilo: a comparação: “Ah, e tal, tem a boquinha da mãe, mas o nariz é do pai! E olha para aqueles olhinhos... tal e qual os da avó.”

Se for preciso, até encontram parecenças com o vizinho do 3º esquerdo (o que me parece um pouco descabido; a não ser – claro – que tenha decorrido qualquer anormalidade ou envolvimento suspeito entre a minha mãe e o vizinho do 3º esquerdo... mas não me parece que tenha sido esse o caso, até porque o indivíduo em questão é uma besta).

E, como se já não bastasse eu – Joana Camacho – não ser eu: mas sim bocados isolados de outras pessoas, ainda tenho de levar com uma merda qualquer a que apelidaram de “signo”.

Eu, tendo nascido a 5 de outubro – que, graças a umas alminhas penadas, deixou de ser feriado –, sou, supostamente, Balança. Mas que merda é esta?! As únicas balanças que conheço são aquelas que medem a massa e cujas unidades são o quilograma, o grama, o miligrama e por aí adiante; e agora vêm-me dizer que há por aí uma entidade qualquer, com o mesmo nome, que (vá-se lá saber como) sabe tudo acerca da minha personalidade?

Ora vejamos, segundo o meu signo, eu, sendo Balança, sou uma pessoa tolerante, que sabe partilhar, devota, e receptiva às ideias dos outros; não me dou bem com Carneiros (não com o animal em si, mas sim com pessoas nativas deste signo) e sou definida como sendo uma pessoa indecisa, que hesita muito; sou refinada, cooperativa, sociável e artística. E isto continua ao longo de uma imensidão de parágrafos; nem vale a pena discutir se estas caraterísticas estão ou não em conformidade com aquilo que, efetivamente, sou (nem eu própria o sei; pelos vistos, as pessoas que dedicam os seus tempos livres a escrever isto, sabem mais sobre mim do que eu própria).

Tudo bem: há muita coisa que, de facto, coincide com a realidade; mas, como é natural, ao irem lançando tantas caraterísticas, em alguma tinham de acertar (quantas mais vezes apostamos – com números e séries diferentes – no EuroMilhões, mais hipóteses temos de acertar; o mesmo acontece neste caso).

Até me custa a crer que há gente que acredita nisto; não acham minimamente estranho que todas as pessoas nascidas entre 23 de setembro e 22 de outubro apresentem exatamente as mesmas personalidades e caraterísticas?

Mas bom, deixando de parte este assunto, eis onde pretendo chegar: eu não quero que me conheçam pela pessoa que é Balança, logo, que se comporta como tal; muito menos quero que me conheçam pela “filha do tal” ou pela “irmã da não-sei-das-quantas”; eu quero ser conhecida pela JOANA CAMACHO, pela pessoa que sou, e não pela pessoa que pensam, querem ou acham que sou. Vão ao oftalmologista, comprem óculos, façam o que quiserem; mas – perdoem-me a expressão – deixem-se de merdas e olhem para uma pessoa com olhos de ver e não com olhos de pessoa que se conforma com aquela figura de estilo ridícula que é a comparação.

Ora muito bom dia e passe bem.

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