Por aqui novamente? Que coincidência, estava mesmo agora a pensar em si... (diga-me só o seu nome, novamente, por favor). Bom: durante a tarde de hoje debati-me com mais umas quantas dúvidas existenciais; será que eu sou mesmo eu, ou sou só bocados de sei lá o quê? Não fez sentido? Ok: então acompanhem lá a minha reflexão.
Sempre –
desde que me conheço – insistiram em comparar-me a alguma coisa ou em encontrar
parecenças a seja lá o que for; desde cedo fui vítima do uso excessivo desta
figura de estilo: a comparação: “Ah, e tal, tem a boquinha da mãe, mas o nariz
é do pai! E olha para aqueles olhinhos... tal e qual os da avó.”
Se for
preciso, até encontram parecenças com o vizinho do 3º esquerdo (o que me parece
um pouco descabido; a não ser – claro – que tenha decorrido qualquer
anormalidade ou envolvimento suspeito entre a minha mãe e o vizinho do 3º
esquerdo... mas não me parece que tenha sido esse o caso, até porque o indivíduo
em questão é uma besta).
E, como se já
não bastasse eu – Joana Camacho – não ser eu: mas sim bocados isolados de
outras pessoas, ainda tenho de levar com uma merda qualquer a que apelidaram de
“signo”.
Eu, tendo
nascido a 5 de outubro – que, graças a umas alminhas penadas, deixou de ser
feriado –, sou, supostamente, Balança. Mas que merda é esta?! As únicas
balanças que conheço são aquelas que medem a massa e cujas unidades são o
quilograma, o grama, o miligrama e por aí adiante; e agora vêm-me dizer que há
por aí uma entidade qualquer, com o mesmo nome, que (vá-se lá saber como) sabe
tudo acerca da minha personalidade?
Ora vejamos,
segundo o meu signo, eu, sendo Balança, sou uma pessoa tolerante, que sabe
partilhar, devota, e receptiva às ideias dos outros; não me dou bem com
Carneiros (não com o animal em si, mas sim com pessoas nativas deste signo) e
sou definida como sendo uma pessoa indecisa, que hesita muito; sou refinada,
cooperativa, sociável e artística. E isto continua ao longo de uma imensidão de
parágrafos; nem vale a pena discutir se estas caraterísticas estão ou não em
conformidade com aquilo que, efetivamente, sou (nem eu própria o sei; pelos
vistos, as pessoas que dedicam os seus tempos livres a escrever isto, sabem
mais sobre mim do que eu própria).
Tudo bem: há
muita coisa que, de facto, coincide com a realidade; mas, como é natural, ao
irem lançando tantas caraterísticas, em alguma tinham de acertar (quantas mais
vezes apostamos – com números e séries diferentes – no EuroMilhões, mais hipóteses
temos de acertar; o mesmo acontece neste caso).
Até me custa
a crer que há gente que acredita nisto; não acham minimamente estranho que
todas as pessoas nascidas entre 23 de setembro e 22 de outubro apresentem
exatamente as mesmas personalidades e caraterísticas?
Mas bom,
deixando de parte este assunto, eis onde pretendo chegar: eu não quero que me
conheçam pela pessoa que é Balança, logo, que se comporta como tal; muito menos
quero que me conheçam pela “filha do tal” ou pela “irmã da não-sei-das-quantas”;
eu quero ser conhecida pela JOANA CAMACHO, pela pessoa que sou, e não pela
pessoa que pensam, querem ou acham que sou. Vão ao oftalmologista, comprem
óculos, façam o que quiserem; mas – perdoem-me a expressão – deixem-se de
merdas e olhem para uma pessoa com olhos de ver e não com olhos de pessoa que
se conforma com aquela figura de estilo ridícula que é a comparação.
Ora muito bom dia e passe bem.
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