Acordei com uma ideia
deslumbrante para aquele que seria o melhor texto de sempre… só que depois bati
com o joelho esquerdo na esquina da minha mesa-de-cabeceira e contribuí para o
aumento da taxa de emigração de ideias, em Portugal. Por essa mesma razão,
decidi falar-vos de futebol, já que sou uma entendida no assunto (este é aquele
momento em que se riem).
Sendo filha de um homem que jogou
durante anos a fio no Nacional, é professor de Educação Física e é benfiquista
(pelo menos tudo indica que é mesmo ele o meu pai), o futebol é tema de ordem
cá por casa. Há determinadas premissas que nós – habitantes desta casa – temos
de respeitar, de modo a garantir a saúde, o bem-estar e a ausência de
avantajadas dores de cabeça por parte de todos os seres que coabitam debaixo
deste mesmo teto. É, por exemplo, de conhecimento geral, que aos fins-de-semana
o plasma da sala está reservado única e exclusivamente para fins
futebolísticos: primeiro há a Liga ZON Sagres, depois joga a 2ª Liga, segue-se
a Liga de Espanha, a Liga Inglesa, a Liga Italiana e, com sorte, ainda há
espaço para a Liga Alemã e para a Francesa. E ai de quem se atreva a sequer
estabelecer contacto visual com o comando, ousando, ainda que por breves
instantes, ponderar a hipótese de mudar de canal. Quem quer ver televisão na
sala, vê Sport TV e não reclama.
O que me confunde em toda esta
situação é o seguinte: imaginemos que um dado homem é do Benfica. São capazes
de me explicar o porquê de passar o fim-de-semana inteiro jogado no sofá,
abraçado a uma mini e a um prato de
amendoins sem casca (ou de tremoços, vá), a ver todo e mais algum jogo de
futebol entre equipas que possuem nomes que, por vezes, são impossíveis de
pronunciar? Se é do Benfica, via só os jogos do Benfica. Mas não. Vocês –
homens – comem tudo o que vos aparece à frente! No sentido metafórico e
futebolístico, claro. Não desprezando os amendoins e os tremoços – aí podem
interpretar a frase no sentido literal da coisa.
Sou Sportinguista e apresento-me
como tal, é certo. Tomei a decisão de me tornar adepta do Sporting aos quatro
anos de idade. O meu pai queria que eu fosse do Benfica; já a minha mãe estava
mais inclinada para o Sporting. Porque é que ganhou a minha mãe? Simples:
porque o chocolate Toblerone que ela
me ofereceu era bem maior do que aquele chupa-chupa de cinco cêntimos com que o
meu pai me tentou subornar. Pai, se me estás a ler, espero que tenhas aprendido
que com chupa-chupas de cinco cêntimos não vais lá.
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